ISAÍAS 30
30
Contra a aliança com o Egito
1O Senhor declara:
«Ai de vós, filhos rebeldes,
que fazeis projetos sem contar comigo,
que estabeleceis alianças sem a minha intervenção.
É assim que cometeis pecado atrás de pecado#30,1 Projetos. Alianças. O profeta alude aos tratados de aliança entre Judá e o Egito pelos anos 713–702 a.C..
2Pondes-vos a caminho do Egito
sem antes me consultarem.
Ides procurar segurança junto do faraó
e refúgio à sombra do Egito.
3Mas a segurança do faraó será a vossa vergonha,
e o refúgio que procurais no Egito, a vossa humilhação,
4embora os vossos ministros já se encontrem em Soan
e os vossos embaixadores tenham chegado a Hanés#30,4 Soan. Ver 19,11 e nota. Hanés. Trata-se provavelmente de Heracleopolis, mais ou menos a 100 km a sul do Cairo..
5Ficarão todos desiludidos por este povo inútil,
que não vos poderá socorrer nem auxiliar;
pelo contrário, será para eles uma desilusão e uma vergonha.»
Contra a embaixada ao Egito
6Mensagem sobre os animais selvagens do Sul.
Os animais de carga que caminham pelo Sul
atravessam uma região de tristeza e angústia,
de leões e leoas ferozes,
de víboras e dragões voadores.
As riquezas e os tesouros são transportados
por asnos e camelos e levados ao Egito,
uma nação que não é útil a ninguém.
7O seu auxílio é inútil e nulo,
e por isso o chamo: «Besta que nada faz#30,7 Besta que faz nada. Tradução do hebraico Raab, que aparece por vezes como nome simbólico do Egito. Ver 51,19..»
Instruções a Isaías
8«Agora despacha-te e escreve estas coisas numa tabuinha,
grava-as num documento,
para que sirvam para o futuro
como testemunho perpétuo.»
9Este povo é, de facto, rebelde, filhos renegados,
que não querem ouvir a lei do Senhor.
10Dizem aos videntes: «Deixem-se de visões!»
E aos profetas: «Não queremos que nos façam mais avisos!
Digam-nos antes coisas agradáveis e profetizem ilusões!
11Afastem-se do caminho reto, retirem-se da boa direção
e que o Santo de Israel não nos aborreça mais!»
12Por isso, o Deus santo de Israel declara:
«Uma vez que rejeitais a minha palavra
e confiais e vos apoiais na opressão e nas intrigas,
13semelhante pecado será para vós
como uma fenda numa alta muralha.
Aparece a saliência e, de repente,
sem ninguém esperar, desmorona-se tudo.
14A muralha desfaz-se em pedaços
como uma vasilha de barro despedaçada, sem se poder consertar.
De entre os bocados não se arranja sequer um caco
para apanhar brasas do braseiro
ou tirar um pouco de água do tanque.»
Confiar em Deus e não na força dos cavalos
15Assim declara o Senhor Deus, o Santo de Israel:
«Vocês só serão salvos se voltarem para mim
e se se mantiverem calmos;
só terão força, se tiverem confiança em mim
e ficarem tranquilos;
mas vocês não quiseram.
16E, ainda respondem:
“De modo algum! Nós vamos a cavalo!”
Sim, irão a cavalo, mas é para fugir!
E replicam: “Iremos em carros velozes!”
Mas os vossos perseguidores ainda serão mais rápidos.
17Um só inimigo bastará para ameaçar mil dos vossos.
Fugirão todos diante da ameaça de cinco inimigos.
Por fim, os que ficarem serão como um mastro
abandonado no cimo dum monte,
ou como um estandarte numa colina.»
O tempo da salvação
18Entretanto, o Senhor espera o momento
de vos conceder os seus favores,
de vos manifestar misericórdia.
Porque o Senhor é um Deus reto,
e felizes aqueles que nele esperam.
19Povo de Sião, que habitas em Jerusalém,
não chores mais.
Quando chamarem pelo Senhor, ele terá misericórdia;
mal ouça o pedido, imediatamente vos responderá.
20O Senhor vos dará o pão em tempo de tristeza
e a água em tempo de opressão.
Aquele que te ensina, não se esconderá mais;
tu o verás com os teus próprios olhos.
21Ouvirás dentro de ti esta voz,
quando tiveres de caminhar
para a direita ou para a esquerda:
«Este é o caminho a seguir!»
22Deves considerar impuros os teus ídolos prateados
e as tuas estátuas adornadas de ouro;
lançá-los-ás fora como imundície
e lhes dirás: «Fora daqui!»
23O Senhor te dará chuva
para as sementes que semeares na terra,
e o alimento que a terra produzir
será abundante e excelente.
Naquele dia, os teus rebanhos terão amplas pastagens.
24Os bois e os burros que trabalham a terra
comerão forragem salgada#30,24 Forragem muito apreciada pelos animais.,
remexida com a pá e a forquilha.
25No dia do grande massacre,
em que as torres desabarão,
haverá torrentes de água abundante
em todas as montanhas e colinas.
26No dia em que o Senhor curar as chagas do seu povo
e tratar das feridas que sofreu,
a Lua refulgirá como um sol
e o Sol brilhará sete vezes mais em cada dia.
O Senhor castiga a Assíria
27É o Senhor em pessoa que vem de longe;
a sua cólera é ardente, como fogo espesso,
os seus lábios estão cheios de furor,
a sua palavra é fogo devorador.
28O seu sopro é uma torrente transbordante,
que inunda até ao pescoço.
Vem crivar os povos com o crivo da destruição
e pôr na boca das nações um freio
que os desvia contra a sua vontade.
29Vós, porém, haveis de cantar
como na noite sagrada de festa#30,29 Provavelmente a festa das Tendas ou dos Tabernáculos, celebrada no outono, durante a noite. Há quem pense tratar-se da Páscoa..
O vosso coração alegrar-se-á
como aquele que caminha ao som da flauta,
enquanto vai à montanha do Senhor,
que é a rocha de Israel.
30O Senhor fará ouvir a sua voz majestosa,
e mostrará a força ameaçadora do seu braço.
Manifestará o seu furor nas chamas dum fogo devorador,
no meio de tempestades e tormentas de granizo.
31A Assíria ficará aterrada à voz do Senhor
e castigada pelos seus golpes.
32Cada paulada que o Senhor lhe infligir
será acompanhada de pandeiretas, guitarras e danças#30,32 Texto de difícil compreensão. Traduz-se por danças o texto hebraico no meio dos combates..
33Desde há muito que a fogueira está preparada,
e nem o rei lhe escapa.
Está preparada numa cova profunda e larga,
com muita madeira empilhada para o fogo.
O sopro do Senhor vai pegar-lhe o fogo,
como uma torrente de enxofre.
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