GÉNESIS Introdução
Introdução
O Génesis, primeiro livro da Bíblia, é igualmente o primeiro de um conjunto de cinco livros a que os judeus chamam Tora (que significa lei) e os cristãos Pentateuco. O nome, originado na tradução deste livro para o grego, foi-se enraizando, tanto na tradição grega como na latina, por tratar das origens do mundo, da Humanidade e do povo de Israel.
A autoria é, desde a tradição judaica, atribuída a Moisés. O conjunto das narrações deste livro teria sido primeiramente objeto de transmissão (oral e escrita), em que o povo hebreu encontrava e cultivava as raízes da sua história, da sua cultura e da sua fé. Essa memória do passado era fielmente guardada e continuamente confrontada com o presente; deste modo, ela ia-se provavelmente atualizando em cada nova época com novos relatos. Cada tradição valorizaria ou sublinharia o aspeto que mais profundamente a tocava.
Segundo alguns estudiosos, várias tradições, em vez de um único autor, se destacariam no livro do Génesis; a tradição Javista, que dá a Deus o nome de Javé (Êxodo 3), a Eloísta, que diz simplesmente «Deus» (em hebraico, Elohim), e a Sacerdotal que é mais ou menos o espelho daquilo que se transmitia no ambiente do templo de Jerusalém.
Segundo outra perspetiva, tais tradições teriam sido selecionadas e compiladas pelo autor (isoladamente ou com o auxílio de um corpo de secretários) em função dos propósitos que teria em vista, literalmente, ou de acordo com o seu sentido, abreviando este ponto ou ampliando e enfatizando aquele outro.
O Génesis compõe-se de duas partes principais:
— A primeira parte, as origens (1,1—11,32), onde se apresentam diversos quadros e relatos sobre o mundo e o homem criados por Deus, as raízes profundas da condição humana, incluindo trabalho, sonhos de grandeza e felicidade, amor, sofrimento, pecado, morte, lutas fratricidas, grandes progressos e cataclismos, que ameaçam a Humanidade inteira. O horizonte destes capítulos abarca toda a Humanidade e mesmo, de algum modo, o Universo inteiro.
— A segunda parte, os patriarcas (12,1—50,26), pode ainda subdividir-se em vários ciclos: Abraão (12,1—23,20), Isaac (24,1—25,18), Jacob (25,19—36,43) e a história de José (37,1—50,26).
A narração apresenta-se, por vezes, como um mosaico algo complicado, mas é, por isso mesmo, tanto mais rica. Um estudo mais aprofundado proporcionará contínuas descobertas e mostra-nos como o povo de Israel viveu a sua fé e como esta se manteve continuamente viva, crescendo diante da exigência de cada momento histórico concreto. Neste sentido, o Génesis mostra-nos um povo a viver a experiência de um contínuo renascer.
Este livro pode sintetizar-se no seguinte plano:
Primeira parte — origens: 1,1—11,32:
— Criação do Universo, da terra e do homem: 1,1—2,25.
— O pecado do homem e suas consequências sobre a criação: 3,1–24.
— Começo da violência entre os seres humanos (Caim e Abel): 4,1–16.
— Descendência de Caim: 4,17–24.
— O terceiro filho de Adão: 4,25–26.
— Descendência de Adão até Noé: 5,1–32.
— O dilúvio: 6,1—8,22.
— Aliança de Deus com a Humanidade: 9,1–17.
— Os filhos de Noé: 9,18–29.
— Os povos da terra: 10,1–32.
— A torre de Babel: 11,1–9.
— Genealogia de Sem até Abrão: 11,10–32.
Segunda parte — história dos patriarcas: 12,1—50,26.
— Abraão: 1,1—5,32.
— Isaac: 24,1—25,18.
— Jacob: 25,19—36,43.
— José: 37,1—50,26.
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