Observei, ainda, toda a opressão que ocorre debaixo do sol. Vi as lágrimas dos oprimidos, e ninguém para consolá-los. Os opressores são poderosos, e suas vítimas, indefesas. Concluí, portanto, que os mortos são mais felizes que os vivos. Mais felizes que todos, porém, são os que ainda não nasceram, pois não viram o mal que se faz debaixo do sol.
Então observei que todo esforço e trabalho é motivado pela inveja que as pessoas sentem umas das outras. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento.
“Os tolos cruzam os braços
e se arruínam.”
E, no entanto,
“É melhor ter um punhado com tranquilidade
que dois punhados com trabalho árduo
e correr atrás do vento”.
Observei outra coisa que não faz sentido debaixo do sol. É o caso do homem que vive completamente sozinho, sem filho nem irmão, mas que ainda assim se esforça para obter toda riqueza que puder. A certa altura, porém, ele se pergunta: “Para quem trabalho? Por que deixo de aproveitar tantos prazeres?”. Nada faz sentido, e é tudo angustiante.
É melhor serem dois que um, pois um ajuda o outro a alcançar o sucesso. Se um cair, o outro o ajuda a levantar-se. Mas quem cai sem ter quem o ajude está em sérios apuros. Da mesma forma, duas pessoas que se deitam juntas aquecem uma à outra. Mas como fazer para se aquecer sozinho? Sozinha, a pessoa corre o risco de ser atacada e vencida, mas duas pessoas juntas podem se defender melhor. Se houver três, melhor ainda, pois uma corda trançada com três fios não arrebenta facilmente.
É melhor ser um jovem pobre e sábio que um rei velho e tolo, que não aceita conselhos. Pode acontecer de o jovem sair da pobreza e ser bem-sucedido, e até tornar-se rei, mesmo que tenha estado na prisão. Em pouco tempo, porém, todos correm para o lado de outro jovem, que o sucede. Multidões incontáveis o cercam, mas depois surge uma nova geração que o rejeita. Isso também não faz sentido; é como correr atrás do vento.