EZEQUIEL 8
8
O templo profanado
1No sexto ano do exílio#8,1 Corresponde ao ano 592–591 a.C., no dia cinco do sexto mês, estavam sentados comigo, em minha casa, os anciãos dos exilados de Judá. Subitamente, o poder do Senhor Deus veio sobre mim. 2Olhei para cima e vi então uma figura que parecia um homem#8,2 Que parecia um homem. Segundo a antiga tradução grega. Em hebraico: com a aparência de um fogo.. Da cintura para baixo parecia de fogo e da cintura para cima resplandecia como se fosse de um metal brilhante; 3estendeu uma espécie de braço e apanhou-me pelo cabelo. Então o Espírito de Deus ergueu-me bem alto e, naquela visão, levou-me a Jerusalém. Levou-me para o lado de dentro da porta norte do templo. Havia lá um ídolo#8,3 A identificação desta divindade é incerta. Pode tratar-se de Tamuz. Ver v. 14.; era um insulto insuportável para Deus.
4Ali se manifestava a presença gloriosa do Deus de Israel, tal como a tinha visto na planície#8,4 Ver 3,22–23. do canal Quebar. 5Deus disse-me: «Homem#8,5 Ver nota a 2,1., olha para o norte!» Olhei e junto ao altar, à entrada da porta, vi um ídolo, que era um insulto insuportável para Deus.
6Deus disse-me: «Estás a ver o que se passa? Olha para as coisas vergonhosas que o povo de Israel está ali a fazer, expulsando-me cada vez para mais longe do meu santuário. Mas vais ver coisas ainda mais horrorosas do que estas!»
7Levou-me em seguida à entrada do átrio exterior, mostrou-me uma fenda no muro 8e disse-me: «Abre um buraco nesse muro!» Abri um buraco e descobri uma porta. 9O Senhor disse-me: «Entra e vê as coisas horrorosas e terríveis que ali se fazem!» 10Entrei e olhei. As paredes estavam cobertas de pinturas de cobras e outros animais repugnantes#8,10 Animais impuros que não podiam ser comidos, segundo Lv 11., além de muitos ídolos que os israelitas adoravam. 11Encontravam-se ali de pé setenta anciãos de Israel, incluindo Jazanias, filho de Chafan. Cada um tinha na mão um incensário e o fumo do incenso espalhava-se pelo ar#8,11 Os anciãos cometiam uma infidelidade dupla: adoravam imagens (ver Dt 4,16–18) e fazendo uso de um incensário, desempenhavam uma função reservada apenas aos sacerdotes (ver Nm 16).. 12Deus perguntou-me: «Vês agora, Ezequiel, o que estes anciãos dos israelitas estão a fazer em segredo? Estão todos a prestar culto na sala do seu ídolo e desculpam-se dizendo: “O Senhor não nos vê! Ele abandonou este país!”»
13Então o Senhor disse-me: «Vais vê-los fazer coisas ainda mais abomináveis do que essas!» 14Em seguida levou-me à porta norte do templo e ali estavam mulheres a lamentar-se pela morte do deus Tamuz#8,14 Tamuz. Pensava-se que este deus morria quando a vegetação secava, para renascer no ano seguinte.. 15O Senhor perguntou-me: «Estás a ver tudo isso Ezequiel? Pois verás coisas ainda mais abomináveis.»
16Levou-me depois à parte interior do templo. Ali, perto da entrada do santuário do Senhor, entre o altar e o pórtico, havia cerca de vinte e cinco homens. Estavam de costas para o santuário e inclinavam-se até ao chão, voltados para o oriente, em adoração ao sol nascente.
17O Senhor disse-me: «Estás a ver aquilo? Os habitantes de Judá não se contentam em fazer todas as coisas degradantes que viste, enchem de violência o país inteiro, irritando-me mais e mais. E ainda se põem a tocar com um ramo no nariz#8,17 Alusão a um rito idolátra, hoje desconhecido. Ou: E ainda me insultam e provocam.. 18Não os pouparei nem terei misericórdia deles. Farão orações a mim, em alta voz, mas não os ouvirei.»
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