ECLESIASTES 2:4-21
ECLESIASTES 2:4-21 BPT09DC
Realizei grandes coisas. Construí casas, plantei vinhas. Cultivei hortas e pomares e plantei toda a espécie de árvores de fruto. Fiz represas de água para fazer verdejar todas essas árvores e plantas. Adquiri escravos e escravas e tive também alguns nascidos em minha casa. Possuí muito mais vacas e ovelhas do que todos os que existiram antes de mim em Jerusalém. Juntei tesouros de prata e ouro, riquezas que antes pertenceram a outros reis e a outros reinos. Tive cantores e cantoras e muitas concubinas, prazeres humanos. Fui mais importante e mais rico do que todos os que existiram antes de mim em Jerusalém. E além disso, a minha sabedoria não me abandonava. Não renunciei a nada daquilo que me agradava, nem deixei de saborear nenhum prazer. Estou contente com tudo o que passei e esta é a recompensa que me ficou. Pus-me a reconsiderar todas as coisas que eu próprio tinha feito e o esforço que me tinham custado. Realmente, é tudo ilusão. É correr atrás do vento! Não há interesse nenhum em andar neste mundo. Isto fez-me refletir de novo sobre a sabedoria, a loucura e a ignorância. Que pode fazer aquele que sucede a um rei? Só pode fazer aquilo que os outros já fizeram. Vi que, apesar de tudo, a sabedoria vale mais do que a ignorância, tal como a luz vale mais do que as trevas. O sábio tem olhos que veem, ao passo que o ignorante caminha às escuras. Compreendi também que um destino comum os espera a ambos. E concluí que o destino do ignorante é o que me está reservado a mim também. Então para que me dediquei eu mais à sabedoria? De facto, também isto é uma ilusão. Pois nem do sábio nem do ignorante ficará recordação que dure para sempre. Com o passar dos tempos, tudo se esquece. Tanto morre o sábio como o ignorante. Acabei por perder o gosto pela vida, pois tudo o que tive de passar neste mundo era demasiado duro para mim. Sim, tudo é ilusão. É correr atrás do vento! Perdi o gosto por tudo o que fiz neste mundo, pois tudo isso ficará para quem vier depois de mim. Quem sabe se será um sábio ou um ignorante? Mas é ele que vai ser dono do que eu consegui neste mundo à custa do meu trabalho e da minha sabedoria. Também isto é uma ilusão! E acabei por ficar profundamente desiludido com todos os trabalhos que suportei neste mundo. Com efeito, uma pessoa trabalha com sabedoria, conhecimento e experiência e tem de deixar aquilo que era seu a um outro que nada fez para isso. Também isto é uma ilusão e uma grande infelicidade!