Génesis 27:1-41
Génesis 27:1-41 OL
Um dia, quando Isaque já estava bastante idoso e meio cego, chamou pelo filho mais velho. “Que é, meu pai?” “Escuta. Eu já estou muito velho e conto com a morte em cada dia que passa. Pega na tua arma de caça e vai ver se apanhas algum animal; prepara-o daquela maneira saborosa que tu sabes que eu gosto. Depois traz-me para que coma e dê a bênção que te pertence como filho mais velho. Depois disso, estarei mais à vontade para morrer, quando chegar o momento.” Ora Rebeca ouviu essa conversa. Por isso, quando Esaú saiu para caçar, chamou Jacob e disse-lhe “Eu ouvi o teu pai a falar com o teu irmão, Esaú. Estava a dizer-lhe que fosse à caça e lhe preparasse um prato saboroso, para ele comer e para lhe dar a sua bênção em nome do SENHOR, antes de morrer. Mas tu vais fazer exatamente o que eu te disser: Vais ao rebanho, trazes-me dois bons cabritos ainda pequenos, e eu própria os prepararei da forma que o teu pai gosta. Depois leva-lhos para que coma e por fim te abençoará antes de morrer!” “Mas, mãe”, retorquiu Jacob, “tu sabes que Esaú é muito cabeludo e que eu tenho a pele lisa; o pai vai querer tocar-me, para se certificar, e vai perceber que o quis enganar, o que trará sobre mim maldição e não bênção!” “Se te amaldiçoar, que isso caia sobre mim, meu filho. Faz o que eu te digo. Vai buscar os dois cabritinhos como te pedi.” Jacob assim fez. Foi buscar os animais, que a mãe preparou conforme o pai gostava. Em seguida, Rebeca trouxe os melhores fatos de Esaú, os fatos dos dias de festa que estavam ali em casa, e mandou que Jacob os vestisse. Depois com as próprias peles dos cabritos fez duas luvas para as mãos do filho, e uma faixa que lhe colocou à volta do pescoço. Por fim, deu-lhe o guisado, que estava muito saboroso e que cheirava muito bem, juntamente com pãezinhos frescos feitos para aquela altura. Jacob levou a comida ao quarto onde o pai estava deitado: “Pai!”, chamou. “Sim, meu filho. Mas quem és, Esaú ou Jacob?” “Sou Esaú, o mais velho. Fiz o que me pediste. Aqui está a caça preparada como tu gostas. Levanta-te, come e abençoa-me segundo tudo o que sentes no coração.” “Como foi que conseguiste apanhar caça assim tão depressa, meu filho?”, perguntou. “Foi o SENHOR, teu Deus, que a pôs no meu caminho!” “Chega-te aqui. Quero sentir-te, para ver se és realmente Esaú.” Jacob aproximou-se do pai, que lhe tocou no corpo. “A voz é a de Jacob, mas as mãos são realmente as de Esaú!” E não conseguiu reconhecê-lo porque o disfarce que Jacob trazia o enganou. “És mesmo Esaú?”, perguntou. “Sou, sim!” “Bem, então chega-me a comida. Depois de comer abençoar-te-ei conforme tudo o que sinto no coração.” Jacob chegou-lhe a travessa; ele comeu, acompanhado com o vinho que o filho também lhe trouxera. “Vem cá e dá-me um beijo, meu filho!” Jacob chegou-se e deu-lhe um beijo no rosto. Isaque cheirou os fatos que ele tinha vestido; pareceu convencido e abençoou-o. “Este cheiro do meu filho é o bom cheiro da terra e dos campos que o SENHOR abençoou! Que Deus te dê sempre abundância de chuvas para as tuas searas, colheitas ricas e vinho novo. Que os povos te venham a servir e te honrem. Que sejas senhor dos teus irmãos e que te respeitem. Malditos sejam os que te amaldiçoarem e benditos sejam os que te abençoarem.” Isaque tinha acabado de abençoar Jacob, e este apenas tinha saído do quarto onde se encontrava o pai, quando Esaú chegou da caça. Foi também preparar o prato favorito do pai e trouxe-lho: “Pronto, aqui estou eu, meu pai, com a caça que me pediste. Senta-te e come, para que me possas dar então a tua melhor bênção!” “Mas, quem és tu?” “Sou eu, Esaú, o teu filho mais velho!” Isaque começou a tremer. “Então quem foi que esteve aqui agora mesmo e me deu a comer da caça que eu pedira, e a quem abençoei sem poder voltar atrás?” Esaú, ao ouvir aquilo, começou a clamar desesperado e profundamente amargurado. “Ó meu pai, abençoa-me, abençoa-me também!” “Foi o teu irmão que esteve aqui e me enganou e conseguiu tomar de mim a tua bênção!” E Esaú comentou dececionado: “Não é de admirar que se chame Jacob! Primeiro ficou-me com o meu direito de filho mais velho e agora suplanta-me na bênção. Pai, não tens nenhuma bênção para me dar?” “Eu pu-lo por teu senhor; os seus parentes e tu próprio o servirão; garanti-lhe abundância de trigo e de vinho. O que há de ter ficado para ti?” “Nem uma só bênção ficou para mim? Pai, abençoa-me também!” E Esaú chorou de desespero. “Não terás uma vida fácil, nem confortável; a terra não te dará o melhor que tem nem o céu as suas chuvas. Pela espada conseguirás abrir um caminho na vida. Por um tempo servirás o teu irmão, mas por fim libertar-te-ás do seu domínio e ficarás livre.” Por isso, Esaú ficou a odiar Jacob, por causa da bênção que o seu pai lhe dera. E disse para consigo: “Meu pai partirá em breve desta vida. Então hei de matar Jacob.”