Eliú continuou o seu discurso:
“Vocês que são sábios, ouçam os meus argumentos, vocês que têm conhecimento!
Nós somos capazes de escolher aquilo que queremos ouvir tal como provamos o alimento que achamos gostoso.
Por isso, devemos descobrir o que é bom e seguir aquilo que é justo.
“Jó afirma: ‘Eu sou justo e Deus me tratou com injustiça.
Sou inocente mas me consideram um mentiroso. Sofro uma doença que não tem cura,
apesar de não ter culpa’.
“Quem poderia ser tão atrevido como Jó, que despreza a Deus como se estivesse bebendo água?
Ele anda como os perversos e se une com pessoas que não prestam,
e diz: ‘Não vale a pena tentar agradar a Deus!’
“Vocês que têm bom senso, ouçam! Será que Deus faria alguma coisa errada? Será que o Todo-poderoso cometeria injustiças?
Ele dará a cada homem o que seus atos merecem; cada um será castigado ou recompensado conforme as suas ações.
Na verdade, o Todo-poderoso não faz o mal e não é injusto com os homens.
Além disso, quem entregou o poder para ele? Ele sozinho domina a terra e governa o universo.
Que seria de nós se Deus retirasse o seu Espírito e o seu sopro?
Toda a humanidade morreria num instante! E o homem voltaria novamente ao pó!
“Portanto, se você é sábio, ouça bem o que vou lhe dizer.
Como Deus poderia governar o universo se ele odiasse a justiça? Então por que você acusa aquele que é justo e poderoso?
Aqui na terra não é ele que diz aos reis: ‘Vocês não prestam’, e aos príncipes: ‘Vocês são desonestos’?
Ele não mostra parcialidade para com as pessoas que estão no poder,
nem favorece os ricos em detrimento dos pobres, visto que todos foram criados por ele.
O homem morre de repente, em plena noite, sem poder resistir às forças da morte. Os poderosos são retirados sem a ajuda de mãos humanas.
“Pois Deus observa de perto todas as ações dos homens; ele vê todos os seus passos.
Não existe lugar, por mais sombrio que seja, onde os que fazem o mal possam se esconder de Deus.
Deus não precisaria observar a vida do homem por muito tempo para levá-lo a julgamento.
Sem fazer alarde, ele destrói os poderosos e coloca outros em seu lugar,
porque já conhece as ações desses homens e assim manda um castigo pesado que os esmaga durante a noite.
Deus castiga os poderosos por causa da sua impiedade, diante de todo o povo,
porque se afastaram dele e se recusaram a obedecer às leis divinas.
Eles fizeram os necessitados gritar diante de Deus, e ele ouviu o clamor deles e os atendeu.
No entanto, se Deus se calar, quem poderá condená-lo? Se esconder o seu rosto, quem poderá vê-lo? Ele domina sobre homens e nações,
para evitar que o perverso domine e não engane o povo.
“Talvez alguém diga a Deus: ‘Sou culpado; não vou mais pecar.
Se ainda há algum pecado escondido em minha vida, mostre-me, e eu nunca mais voltarei a fazer isso!’
Quanto a você, não deve pensar que por isso pode escolher sua recompensa e tomar as decisões em lugar de Deus. É você, Jó, que deve dizer, não eu. Diga-nos o que está pensando?
“Qualquer pessoa de bom senso e sábia que me ouve, me declara:
‘Jó agiu sem sabedoria; o que ele diz não faz sentido’.
Ah, se Jó sofresse o castigo mais severo, pois falou contra Deus da mesma maneira que falam os pecadores rebeldes.
Aos pecados você acrescenta a rebeldia! Você menospreza Deus na nossa presença,
e não para de falar contra ele!”